María Corina critica Maduro e fala sobre prisão na Venezuela – @gazetadopovo
A líder opositora venezuelana María Corina Machado divulgou um vídeo em suas redes sociais nesta sexta-feira (10), horas após o ditador Nicolás Maduro assumir novamente o Executivo do país. No pronunciamento, ela relatou detalhes de sua prisão temporária ocorrida na quinta-feira (9) e explicou as razões pelas quais o presidente eleito Edmundo González Urrutia ainda não retornou ao território venezuelano para ser empossado.
No vídeo, María Corina afirmou que mais de 180 protestos ocorreram em toda a Venezuela e outras 150 manifestações foram realizadas em diferentes cidades ao redor do mundo. Segundo ela, o ato foi uma demonstração clara da unidade do povo venezuelano diante do regime.
“Cada um dos venezuelanos que foi às ruas representa o melhor do que somos e os milhões que formamos a nação venezuelana, dentro e fora do país. Eu vi isso ao lado de vocês. Esse rio crescente e tricolor é a coisa mais poderosa que já vi em minha vida, e me enche de orgulho porque, apesar do grande aparato de repressão, derrotamos o medo. Vocês são valentes. Ontem [quinta-feira, 9] se reafirmou minha profunda confiança de que a liberdade está próxima. Ontem, eles perderam, apesar da militarização total de Caracas e de outras cidades, em uma demonstração de quem realmente teme quem, de quanto medo eles têm do povo”, disse a opositora.
No discurso, Machado não poupou críticas à ditadura de Maduro, que, segundo ela, se consolidou nesta sexta-feira através de um golpe de Estado.
“Hoje, 10 de janeiro, Maduro consolida um golpe de Estado. Frente aos venezuelanos e ao mundo, eles cruzaram a linha vermelha ao oficializar a violação à Constituição Nacional”, denunciou. Ela também ressaltou a presença dos ditadores de Cuba e Nicarágua ao lado de Maduro, o que, em suas palavras, demonstra o caráter antidemocrático e autoritário do regime.
Prisão após protesto
A opositora relatou detalhes do momento em que foi detida por forças chavistas após a manifestação contra o regime em Caracas. De acordo com seu relato, ao deixar a concentração em Chacao, lugar onde a multidão estava reunida, foi interceptada por agentes da Polícia Nacional Bolivariana (PNB) que dispararam contra sua comitiva.
Machado contou que foi retirada bruscamente da moto em que estava sendo transportada e levada “no meio de dois homens”.
“Assim são eles. Atacam uma mulher pelas costas”, criticou, relatando que ainda sente dores.
Durante o trajeto, ela ouviu os policiais mencionarem que estavam a caminho de Boleíta, bairro em Caracas onde fica localizada a sede da Diretoria Geral de Contrainteligência Militar, um dos órgãos chavistas que reprimem e torturam opositores.
No entanto, disse María Corina, antes de chegarem ao destino, os agentes mudaram de plano e decidiram liberá-la.
“Pediram para que eu gravasse um vídeo como prova de vida. Levei várias horas para conseguir me afastar da área e me proteger novamente”, relatou. Machado também informou que, ao saber da situação, várias lideranças internacionais pressionaram o regime venezuelano, o que, segundo ela, contribuiu para sua liberação.
“É evidente que o que aconteceu comigo ontem demonstra as profundas contradições dentro do regime. Sua atuação errática é mais uma prova de como estão divididos internamente. Obviamente, a isso se somaram as declarações e advertências imediatas de líderes mundiais e governos de várias partes do mundo, que os fizeram entender o erro que cometeram ao me sequestrar violentamente. Quero expressar meu profundo agradecimento aos aliados democráticos da Venezuela que nos apoiam neste momento. Todos sabemos que, a partir de hoje, a pressão aumentará ainda mais até que Maduro entenda que isso chegou ao fim”, disse.
González vai assumir no “momento certo”
Sobre o presidente eleito Edmundo González Urrutia, María Corina explicou que, devido ao fechamento do espaço aéreo e à ativação do sistema de defesa do país, decidiu-se adiar sua entrada na Venezuela para preservar sua integridade.
“Estivemos em comunicação permanente durante sua extraordinária jornada por nações de nosso hemisfério, onde foi recebido com honras de chefe de Estado eleito e com o carinho de milhares e milhares de venezuelanos que vivem nesses países. Edmundo virá à Venezuela para sua posse como presidente constitucional no momento certo, quando as condições forem adequadas”, disse ela, acrescentando que “em sua paranoia delirante, o regime não apenas fechou o espaço aéreo da Venezuela, mas também ativou todo o sistema de defesa aérea. Portanto, avaliamos tudo isso e decidimos que não é conveniente que, hoje, Edmundo entre na Venezuela. Pedi a ele que não o faça, porque sua integridade é fundamental para a derrota final do regime e a transição para a democracia, que está muito próxima”, disse.
A líder opositora também agradeceu o apoio de aliados internacionais e destacou que o regime de Maduro está ficando cada vez mais pressionado interna e externamente.
“A partir de hoje, a pressão aumentará até que Maduro entenda que isso acabou”, enfatizou. Ela também prestou solidariedade aos manifestantes presos e feridos durante os protestos, afirmando que todos serão apoiados.
Encerrando sua declaração, María Corina convocou os venezuelanos a seguirem firmes na luta pela democracia.
“Hoje, demonstramos que não temos medo. Sei que seremos cada vez mais nas ruas da Venezuela e do mundo. É hora de fazermos o que for necessário para restituir nossa Constituição”, finalizou com um apelo firme.
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