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DeepSeek e a disputa da China contra os EUA – @gazetadopovo



A disputa entre os Estados Unidos e o regime comunista da China pela liderança tecnológica mundial ganhou um novo capítulo nesta semana com a chegada do mais recente modelo de inteligência artificial (IA) chinês, o DeepSeek-R1. A tecnologia, produzida sob os olhos da ditadura comunista de Pequim, abalou os mercados ocidentais, derrubou o valor de gigantes americanas do setor e levantou até preocupações sobre a segurança nacional dos EUA e o roubo de propriedade intelectual.

A popularidade relâmpago da DeepSeek-R1, desenvolvida pela startup chinesa DeepSeek, fez com que as ações da Nvidia, gigante americana que é a principal fabricante de chips para IA, caíssem 17% em um único dia, resultando na maior perda diária de valor de mercado da história dos Estados Unidos, estimada em US$ 600 bilhões. Outras gigantes do setor, como Google, Meta e Microsoft – todas dos EUA, também registraram quedas expressivas.

A Casa Branca já reagiu à novidade, com a porta-voz Karoline Leavitt afirmando que o Conselho de Segurança Nacional está revisando as implicações estratégicas da DeepSeek. Para o governo do presidente Donald Trump, a ascensão do novo concorrente chinês serve como um “alerta” para a indústria americana. Na terça-feira (28), Trump fez um discurso para congressistas republicanos onde reforçou a necessidade de os EUA restaurarem imediatamente sua a liderança e supremacia no setor.

DeepSeek: uma ameaça ao domínio da IA ocidental?

A DeepSeek surgiu como uma resposta da China à liderança dos Estados Unidos no desenvolvimento de inteligência artificial, que vinha sendo conduzido por gigantes, entre elas, a americana OpenAI, criadora do ChatGPT, que era até então a IA mais popular do mundo. O que mais impressionou especialistas em IA foi o suposto baixo custo da nova tecnologia chinesa: enquanto empresas americanas gastam bilhões no treinamento de seus modernos modelos, o DeepSeek-R1 teria sido desenvolvido com apenas US$ 6 milhões.

Além do preço, o modelo é open source (possui código aberto), permitindo que qualquer desenvolvedor o utilize gratuitamente para criar novas soluções. Isso contrasta diretamente com o atual modelo de negócios da OpenAI e de outras empresas ocidentais, que oferecem suas versões mais completas e avançadas de IA por meio de assinaturas e serviços pagos.

Apesar do suposto baixo custo e uso de recursos “menos modernos”, o bilionário e investidor David Sacks, nomeado como “czar da IA e criptomoedas” do governo Trump, afirmou recentemente há “evidências consistentes” de que a DeepSeek destilou conhecimento dos modelos mais avançados e pagos da OpenAI. O processo de destilação consiste em treinar um modelo menos avançado a partir dos dados de um modelo mais sofisticado, o que pode configurar roubo de propriedade intelectual.

Nesta quarta-feira (29), a OpenAI afirmou que já está investigando se a startup chinesa DeepSeek treinou seu novo chatbot usando repetidamente o modelo de inteligência artificial criado anteriormente pela empresa de tecnologia sediada no Vale do Silício.

A empresa liderada por Sam Altman disse em um comunicado divulgado na quarta que registrou nos últimos meses diversas tentativas de entidades chinesas de tentar extrair grandes volumes de dados de suas ferramentas de IA.

“É de vital importância que trabalhemos em estreita colaboração com o governo dos Estados Unidos para proteger melhor os modelos mais capazes dos esforços de rivais e concorrentes para tomar a tecnologia americana”, destacou a OpenAI em comunicado.

O texto ainda acusa diretamente as empresas sediadas na China de “tentarem constantemente destilar os modelos das principais empresas de inteligência artificial dos Estados Unidos”.

Na terça-feira, Altman tinha reconhecido a ameaça da DeepSeek, mas tentou manter um tom otimista. Em uma publicação no X, ele chamou a IA chinesa de “impressionante” e prometeu que a OpenAI iria responder com novos lançamentos em breve.

“Obviamente entregaremos modelos muito melhores e também é realmente revigorante ter um novo concorrente! Faremos alguns lançamentos”, disse.

“Guerra Fria” da Inteligência Artificial

A ascensão da DeepSeek foi comparada por especialistas a um “momento Sputnik”, em referência ao impacto que o lançamento do primeiro satélite soviético teve sobre os EUA na corrida espacial durante a Guerra Fria (1947-1991). O fato de uma suposta pequena startup chinesa conseguir desenvolver um modelo considerado eficiente sem os mesmos recursos das empresas americanas levantou dúvidas de investidores sobre a real vantagem tecnológica dos EUA, o que acabou impactando seriamente o valor de mercado das gigantes americanas.

As restrições do governo americano, ainda na era Joe Biden, às exportações de chips avançados para a China, incluindo os modernos H100 da Nvidia, visavam impedir os avanços dos comunistas no campo da inteligência artificial. No entanto, ainda assim, a DeepSeek conseguiu criar um modelo competitivo supostamente utilizando versões menos avançadas desses chips, os H800, o que levantou sérios questionamentos sobre a eficácia dessas sanções americanas e o temor sobre como Pequim pode continuar avançando neste setor, apesar das barreiras tecnológicas.

Preocupações com segurança e censura

Um dos principais pontos de preocupação em relação à DeepSeek é o possível uso da IA para controle e vigilância estatal. A tecnologia foi desenvolvida na cidade de Hangzhou, em território da China, que possui um forte sistema de monitoramento digital para manter o poder do regime comunista. Há ainda preocupações sobre a coleta e o armazenamento de dados pela IA, uma vez que, segundo o advogado especializado em vazamento de dados Brent Arnold disse à estatal canadense CBC, a empresa declara explicitamente em sua política de privacidade que as informações dos usuários são armazenadas em servidores na China, sob jurisdição do regime de Xi Jinping.

“A diferença entre isso e outra empresa de IA ter esses dados é que, agora, o governo chinês também os possui”, alertou Arnold. Ele destaca que, embora empresas ocidentais como Google e Meta também coletem grandes volumes de dados, há nos EUA mecanismos de controle e equilíbrio para impedir o abuso dessas informações. No caso da China, no entanto, o Partido Comunista Chinês (PCCh) pode acessar livremente esses dados para fins de vigilância e até repressão.

“Com relação aos Estados Unidos, presumimos que o governo aja de boa-fé ao investigar e solicitar informações, pois há uma base legítima para isso”, disse.

Embora a IA chinesa seja de código aberto, existem preocupações sobre mecanismos de censura embutidos na tecnologia. Enquanto modelos ocidentais, como o ChatGPT, são criticados apenas por vieses ideológicos e restrições a certos temas, a DeepSeek conta com censura prévia ainda mais rígida, que filtra informações que contrariam os interesses do regime de Pequim, como assuntos sobre o Massacre da Praça da Paz Celestial, a independência de Taiwan e a repressão aos Uigures em Xinjiang, bem como críticas e apelidos – como a simples comparação com o Ursinho Pooh – feitos ao ditador comunista Xi Jinping.

Impacto no Vale do Silício

Empresas que atuam no mercado financeiro, como a seguradora francesa Coface, alertaram que o surgimento da DeepSeek pode desencadear uma reavaliação de investimentos bilionários em IA.

“No curto prazo, os mercados devem se preparar para um período de volatilidade, à medida que investidores reavaliam o valor de empresas ligadas à IA, incluindo gigantes como a Nvidia”, disse a seguradora em uma análise publicada em seu site.

Em 2024, empresas americanas como OpenAI, Google e Meta gastaram centenas de bilhões de dólares no desenvolvimento de novos modelos de IA. Agora, investidores questionam se esses altos custos ainda são justificáveis diante da ascensão de concorrentes supostamente mais baratos.

O que está claro é que, a partir de agora, a Guerra Fria da Inteligência Artificial entrou em uma nova fase e os próximos anos serão cruciais para definir se os EUA conseguirão manter sua liderança ou se Pequim, controlada por comunistas, tomará a dianteira na revolução da tecnologia que provavelmente guiará o futuro.



Acesse esta notícia no site do Gazeta do Povo – Link Original

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