Ministro critica alta da Selic e cobra responsabilidade do BC – @gazetadopovo
O ministro do Trabalho e Emprego, Luiz Marinho, voltou a criticar a política do Banco Central (BC) de elevação da taxa básica de juros, a Selic. Segundo ele, o combate à inflação não pode se basear apenas no aumento dos juros, mas deve considerar também o estímulo à produção como alternativa para equilibrar os preços sem restringir o crédito e a atividade econômica.
“O combate à inflação não se dá apenas pela restrição ao crédito e aumento de juros, mas se dá também pelo aumento da produção para poder controlar a inflação a partir da oferta e não pela restrição”, afirmou Marinho nesta quinta-feira (30) durante coletiva sobre o desempenho do mercado de trabalho em 2024, que registrou saldo positivo de 1.693.673 empregos formais.
O Banco Central justificou o aumento da Selic apontando para fatores como a recente valorização do dólar, incertezas sobre a inflação e o cenário econômico global. A instituição também destacou que a economia brasileira segue aquecida, com a inflação e seus núcleos acima da meta estabelecida.
O ministro, no entanto, reforçou a necessidade de avaliar o cenário interno e a capacidade de consumo da população. “É evidente que tem que considerar os impactos do governo norte-americano, o impacto internacional. Mas é preciso observar também como os setores da economia brasileira têm que se comportar, olhando as oportunidades da economia brasileira e da capacidade de consumo do povo brasileiro, mantendo a empregabilidade e o salário crescente”, disse.
Marinho ainda destacou que os salários no Brasil seguem baixos e que há espaço para crescimento sem gerar pressões inflacionárias. “O salário no Brasil ainda é muito baixo, por mais que tenha empresário que ache que o salário está alto, na minha opinião, os salários no Brasil são baixos, e há espaço para continuar crescendo sem gerar impacto inflacionário”, afirmou.
A decisão do Copom reforça preocupações com o equilíbrio fiscal e o impacto da política monetária sobre os ativos financeiros. O comitê afirmou que seguirá acompanhando os desdobramentos da política fiscal e como sua percepção afeta o mercado e as expectativas dos agentes financeiros.
Para Marinho, a economia brasileira é sólida e não há justificativa para a elevação da Selic a esse nível. “O mercado tem que assumir responsabilidade de olhar a economia brasileira, que é uma economia saudável. O Brasil não está em dificuldade de garantir os seus compromissos e, portanto, não há por que ter essa histeria dessa necessidade de aumentar os juros nesse patamar”, criticou. Ele também destacou o impacto da especulação na alta do dólar: “Espero que o chamado mercado assuma responsabilidade de ajustar as coisas e de não forçar a barra, como forçou no final do ano, na especulação que elevou o valor do dólar”.
A decisão do Copom inclui um novo aumento da Selic em março, mas o comitê não sinalizou se esse movimento continuará em maio. O ministro criticou essa postura e defendeu uma reavaliação da estratégia. “Continuarei crítico a essa decisão e não entendo porque já há um novo contrato para novo aumento dos juros. É um absurdo. É preciso que a direção do Banco Central avalie e reavalie a possibilidade de não executar esse aumento de mais um ponto nos juros do Brasil”, declarou.
Segundo Marinho, o encarecimento do crédito afeta a atividade produtiva e o orçamento público, além de comprometer investimentos de longo prazo. Ele destacou o setor da construção civil como exemplo, apontando que contratos já firmados podem ser mantidos em 2024, mas a continuidade da alta dos juros pode afetar os investimentos previstos para 2026.
“Para este ano está contratado e será executado, mas ao manter essa política de juros isso vai impactar os contratos de 2026. Acho que a direção do Banco Central tem que ter essa responsabilidade sobre o papel que os juros têm. Ele [os juros] traz um papel dramático no orçamento público, porque ele encarece as despesas e inibe investimentos. Mesmo empresas que, inicialmente, anunciaram investimentos, elas podem postergar se a taxa de juros continuar crescente”, alertou.
Por fim, o ministro enfatizou a necessidade de mudanças na condução da política monetária pelo Banco Central. “O presidente [do Banco Central Gabriel] Galípolo e sua diretoria vão ter que assumir responsabilidades e trabalhar para não entrar na mesma rotina de aumento de juros que vão sangrar e sacrificar o orçamento público”, concluiu.
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