Autonomia do BC “não é virar as costas” ao governo, diz Galípolo – @gazetadopovo
O diretor de Política Monetária do Banco Central, Gabriel Galípolo, afirmou nesta sexta-feira (28) que a autonomia da instituição não significa virar as costas à sociedade ou ao governo. Ele disse que há “certa confusão” quando se discute a autonomia do BC.
Galípolo é o principal cotado para substituir Roberto Campos Neto no comando da autoridade monetária. Desde 2021, a autarquia tem autonomia operacional. Além disso, o Senado analisa uma proposta de emenda Constitucional (PEC) que concede autonomia financeira ao BC.
“Muitas vezes quando as posições são contrárias sobre o tema, quase sempre elas estão colocadas em cima de interpretações diferentes sobre o que você está dizendo… Existe um grande caminho a se cobrir de distância sobre esclarecimento”, disse o diretor durante um evento promovido pela Fundação Getulio Vargas (FGV).
“A ideia de autonomia não está relacionada à ideia de virar as costas para a sociedade, para o governo, ou para o poder democraticamente eleito”, acrescentou. Galípolo destacou que o BC tem autonomia, mas “não para determinar a própria meta e objetivos”.
Durante o evento, ele defendeu que toda instituição, pública ou privada, deve estar aberta a aprimorar seu arcabouço institucional, legal e operacional. Segundo o diretor, o BC discute a “evolução institucional” da instituição e tem como objetivo trabalhar da forma mais transparente possível.
Lula x Campos Neto
O presidente Lula (PT) reforçou as críticas a Campos Neto após o Comitê de Política Monetária (Copom) interromper o ciclo de cortes na taxa básica de juros no último dia 19. Com voto de Galípolo, o colegiado manteve, por unanimidade, a Selic em 10,50%.
O presidente do BC disse que a decisão foi “técnica”. Em entrevista ao Valor Econômico, nesta sexta (28), Campos Neto apontou que as críticas de Lula a condução da política monetária e a autonomia do BC podem impactar no controle da inflação.
Nesta quinta (27), o mandatário disse que Galípolo é um “menino de ouro” e tem “todas as condições para ser presidente do Banco Central”. No entanto, o presidente ressaltou que ainda não bateu o martelo sobre a indicação.
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