Depois de enchentes, Porto Alegre enfrenta “apagão” na cultura – @agenciabrasil
Após um mês das enchentes históricas no Rio Grande do Sul, os impactos na cultura gaúcha começam a ser dimensionados. Um levantamento parcial sobre os prejuízos das enchentes de maio para o setor cultural aponta que, até agora, foram registradas 239 ocorrências, entre locais fechados e eventos cancelados.
O relatório, realizado em parceria com diversas instituições, entre elas o Conselho Municipal de Cultura de Porto Alegre e o Instituto de Cultura da PUC do Rio Grande do Sul, coletou quase 1900 respostas para saber como as inundações afetaram quem trabalha com arte em todo estado.
Setores da música, artes cênicas, produção, artes visuais, dança, culturas populares, circo e artesanato, só agora – com a baixa das águas dos rios –, começam a fazer o balanço dos prejuízos. Esses atores também começam a se mobilizar para reconstruir a cadeia produtiva de cultura gaúcha.
Gente como Clô Barcellos, integrante do Clube dos Editores do Rio Grande do Sul e dona de uma editora de livros, que está há mais de quarenta anos no bairro do Menino Deus, em Porto Alegre. Nos últimos dois dias, ela pode voltar e começar a limpar a lama que invadiu o depósito, a uma quadra do rio Guaíba. De ontem para hoje, ela precisou jogar fora 12 mil livros, num prejuízo de mais de R$ 300 mil.
“Toda a Zona Norte tem muitos lugares, muitos depósitos de editoras, de teatro… São 30 gráficas ali. Muitas gráficas… Nós não estamos conseguindo imprimir no Rio Grande do Sul!”
As enchentes do Rio Grande do Sul deixaram em estado de calamidade pública tanto pequenos empreendimentos, como o da editora Clô Barcelos, quanto os grandes espaços culturais.
O Museu de Arte do Rio Grande do Sul – o Margs – não tem previsão para reabertura ao público. Lá, as águas chegaram a dois metros de altura. Água e umidade atingiram mobiliário, documentos e obras do acervo em papel, entre gravuras, fotografias e desenhos, que estavam no térreo da instituição.
Agora, o Museu está na fase inicial de recuperação de danos, com processo de secagem e estabilização das obras. Posteriormente, caso necessário, elas serão restauradas.
Para Vitor Ortiz, gestor cultural com mais de trinta anos de experiência no setor, e um dos responsáveis pelo levantamento dos prejuízos à cultura gaúcha, essa crise climática representa um novo apagão na área cultural.
Além da mobilização dos próprios trabalhadores da cultura local, o especialista aponta a necessidade de um plano emergencial dos governos municipais, estaduais e federal, voltado para a recuperação da cadeia produtiva de cultura gaúcha.
“Diferente da pandemia que atingiu todo munto, nós temos um apagão exclusivamente aqui em Porto Alegre e é algo que infelizmente deve perdurar.”
Enquanto a cultura gaúcha calcula os impactos das enchentes, ela também se refaz junto à vida dos próprios gaúchos. A Orquestra Sinfônica de Porto Alegre suspendeu a Temporada Artística deste ano. Enquanto isso, grupos de câmara da Orquestra levam música a abrigos da região metropolitana.
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